07 setembro 2010

A maior invenção de todos os tempos

Uma pergunta de algibeira: qual é a maior invenção de todos os tempos? Que é que me dizem? A roda? A electricidade? A Internet? O porta-banana?

Não, meus amigos, a maior invenção de todos os tempos é isto:


Os anglófonos chamam-lhe zipper. Nós preferimos ser finos como os franceses e chamar-lhe fecho éclair. Como invenção, o fecho éclair é genial. É como o ovo de Colombo elevado ao cubo (o conceito, não o ovo em si, embora deixe à vossa imaginação o que significaria esta frase em sentido literal).
Vendo-o bem de perto, parece algo muito complicado, com aqueles ganchos a entrelaçar-se uns nos outros (quem já não tentou entrelaçá-los manualmente, acabando por desfazer tudo novamente no processo?), mas aquela pecinha que corre entrelaça-os na perfeição com toda a facilidade. É um sistema altamente complexo, e no entanto, ridiculamente simples.

Usar roupa com fecho éclair é andar com uma peça da mais elevada tecnologia. Aquilo é rápido a abrir e a fechar, é fácil de usar e é tão resistente que nos perguntamos como é que aqueles dentinhos entrelaçados uns nos outros aguentam sem se desfazerem (a não ser que se estrague, o que, há que admiti-lo, acontece de vez em quando). Ter um casaco que se abre com fecho éclair é como ter uma daquelas portas que se abrem sozinhas como na nave Enterprise do Caminho das Estrelas. Uma mala de viagem fechada com fecho éclair é tão ou mais resistente como se tivesse sido soldada a laser, embora ainda mais rapidamente. É sem dúvida o objecto que mais se aproxima da perfeição, basta ver que o fecho éclair já existe desde 1913 na mesma forma como o vemos hoje.

É por isso que não entendo porque é que a certa altura do nosso desenvolvimento decidimos trocar isto:


Por isto:


Como é que é possível que tenham voltado a colocar botões no fecho das calças? Isto, meus amigos, é um retrocesso na nossa tecnologia! Para que é que, tendo algo tão tecnologicamente avançado como o fecho éclair, fomos andar para trás no tempo e voltar a colocar botões? É como se um belo dia um estilista acordasse e dissesse: Sabem o que é que era mesmo fixe? É que as televisões voltassem todas a ser a preto e branco! É pá, era tipo uma moda, a malta jovem ia gostar daquilo, ia ser uma loucura! E o pior é que isto entrou na moda de tal maneira que as calças com fecho éclair praticamente desapareceram. Ultimamente, sempre que entro numa loja de jeans peço calças com fecho éclair, para ouvir de todas as vezes que já não há, que já não existem. Ao menos que nos dessem a alternativa, não?

Qual é a vantagem de ter botões no fecho das calças? Aquilo demora que tempos para abotoar, e é uma chatice quando é para desabotoar e voltar a abotoar só os botões do meio e deixar o de cima. Depois, para facilitar, abrimos só dois ou três botões para termos um mínimo de espaço para pôr a coisa cá para fora, e depois, claro, ficamos com a coisa apertada, uma coisa desconfortável até dizer chega. Com o uso, as casas dos botões vão-se desgastando e o segundo botão de cima acaba por andar sempre desabotoado. Uma lástima. E imagino a vergonha que é recompormo-nos depois de nos dizerem que temos a braguilha aberta: com fecho éclair fazemos simplesmente: Eia, pá, pois, é... ziiiip... já está. Com botões: Eia, que cena, ora deixa cá ver, agora entra este, agora vai este, agora vai eeeeste... este não quer entrar... aaaahhh... já está... espera, abriu-se um... espera aí... está.

Um mundo que troca a alta tecnologia por uma coisa tão retrógada como um botão. Depois queixam-se que o país não anda para a frente. A sério que não percebo. Só se for por causa de situações como esta...



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